Atendimento precário: coordenador de urgência e emergência da Sesa e ex-secretário de Saúde, Alex Mont´ Alverne, passava no momento do acidente e socorreu a vítima
JOSÉ LEOMARUma reunião deve acontecer amanhã entre gestores do Estado e do Município de Fortaleza para discutir o problema
Uma hora e vinte minutos. Esse foi o tempo que a ciclista Darleide Nascimento esperou para ser socorrida por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Na manhã de ontem, por volta das 7 horas, ela trafegava no cruzamento das ruas Joaquim Nabuco com Dom Expedito Lopes, na Aldeota, quando foi atropelada por um veículo conduzido por um estudante de medicina. Ele prestou socorro à vítima.
Por sorte, o acidente não foi grave, e o médico e coordenador de urgência e emergência da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Alex Mont´Alverne, passava pelo local e também atendeu a acidentada enquanto uma ambulância vinda do Antônio Bezerra chegava ao local.
Preocupado com a demora no socorro, Mont´Alverne realizou várias ligações para o Samu pedindo agilidade no atendimento. A solicitação já havia sido feita pelo estudante de medicina. Segundo Mont´Alverne, apesar de o acidente ter sido considerado urgência leve, Darleide sofreu pancada na cabeça e escoriações no couro cabeludo. Porém, estava consciente.
No caso em questão, explica, a vítima deveria ter sido socorrida em, no máximo, 20 minutos. "Se fosse uma urgência grave, o Município teria que viabilizar outro atendimento para evitar maiores prejuízos à vítima", afirma, explicando que existe uma classificação e um atendimento peculiar para cada ocorrência.
Reunião
Mont´Alverne adianta que já convocou uma reunião à coordenação do Samu de Fortaleza para discutir o caso e evitar novos acontecimentos desse tipo. O encontro deve acontecer amanhã e, caso necessário, o problema será levado à Sesa ou ao Ministério da Saúde. "Temos que buscar mais apoio. Precisamos de mais ambulâncias", diz.
De acordo com o diretor médico do Samu, Messias Simões, a demora no atendimento da ciclista aconteceu devido a uma convergência de fatores.
O primeiro fator é que a troca de plantão das equipes do Samu acontece às 7 e às 19 horas. momento do acidente, os grupos haviam se revezado há pouco tempo, o que impediu que uma equipe mais próxima à Aldeota fosse acionada.
O último grupo, segundo ele, assumiu o posto de trabalho por volta das 8 horas. "Muitos profissionais cumprem dupla ou tripla jornada de trabalho e acabam se atrasando, mas há outros que chegam antes das 7 da manhã", informa.
O segundo motivo, considera Simões, é que a ambulância responsável pela área onde a ciclista foi atropelada já havia sido acionada cerca de meia hora antes do acidente para atender a uma outra demanda em Messejana, tendo em vista que a Aldeota, conforme explica, é um local de pouca incidência, e grande parte dos acidentes não precisa da ação do Samu.
O último fator é o pouco número de ambulâncias em atividade. Ao todo, são 35 carros, mas somente 14 funcionam. As outras passam por manutenção ou estão sem condições de uso.
Conforme Messias Simões, em Fortaleza, o Samu dispõe de 18 equipes. Cada uma é composta geralmente pelo condutor de veículo de urgência e por um técnico em enfermagem. "No fim do ano passado, nós recebemos 14 veículos. Destes, sete colidiram. Dois estão funcionando e cinco sem utilidade. Várias peças das ambulância vêm de outros Estados, o que deixa nossa situação mais difícil", relata.
O Diário do Nordeste vem denunciando os problemas enfrentados pelo Samu e os impactos que isso causa na população. Na edição do último dia 4 de outubro, por exemplo, o jornal mostrou que o Samu operava com menos da metade da equipe. Muitos profissionais pediram demissão, reclamando do pouco número de ambulâncias e da falta de vínculo empregatício.
RAONE SARAIVAESPECIAL PARA CIDADE Fonte:Diario Do Nordeste
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